As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras faturaram 13,9% a mais em janeiro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior, como aponta o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) – que acompanha a evolução média das movimentações financeiras reais no setor. O resultado é significativamente positivo, considerando também a última divulgação dos 7% de crescimento acumulado do setor em 2023.
Figura 1: IODE-PMEs (Número índice – base: média 2021=100)
Fonte: IODE-PMEs (Omie)
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
A análise dos dados setorizados do IODE-PMEs revela que o crescimento do mercado foi disseminado entre os grandes setores da economia, panorama diferente do observado no decorrer de 2023, no qual o desempenho do índice mostrava diferenças setoriais relevantes. Neste contexto, a evolução recente das PMEs funciona como um importante antecedente da atividade econômica doméstica de modo mais amplo, a qual pode surpreender os analistas mais céticos no primeiro trimestre de 2024.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, explica que, em linhas gerais, as PMEs do segmento industrial continuam com o melhor desempenho, segundo o IODE-PMEs (+20,9% YoY em janeiro), assim como verificado nos últimos meses. “A redução das pressões inflacionárias sobre o setor, assim como a recuperação da demanda doméstica, são importantes condicionantes deste movimento das pequenas indústrias recentemente. Inclusive, o crescimento do setor é disseminado entre as atividades contempladas no índice”, aponta o especialista.
De 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 16 mostraram crescimento de dois dígitos no último mês, com destaque para as atividades de ‘fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’, ‘preparação de couros e fabricação de artefatos de couro’, ‘artigos para viagem e calçados’ e ‘impressão e reprodução de gravações’.
No setor de Serviços, as PMEs também mantiveram bom desempenho no início de 2024 (+9,7% YoY), após avançarem 7% em dezembro. No primeiro mês do ano, o resultado positivo do setor foi condicionado, especialmente, pelo avanço dos segmentos de ‘reparação e manutenção de objetos pessoais e domésticos’, ‘atividades administrativas e serviços complementares’ e ‘artes, cultura, esporte e recreação’.
As PMEs do setor de Infraestrutura, por sua vez, apresentaram crescimento da movimentação financeira real em janeiro (+9,1%), com avanço nos segmentos de ‘geração de energia elétrica’ e ‘serviços especializados para construção’.
Por fim, as PMEs do Comércio mostraram reversão da tendência de queda verificada no decorrer do segundo semestre de 2023, iniciando o ano em crescimento (+6,1% YoY em janeiro). “O ritmo de recuperação do setor tem sido puxado, especialmente, pelas PMEs do comércio atacadista, com destaque no último mês para os segmentos de ‘bebidas’, ‘sorvetes’ e ‘café em grão’”, comenta o economista. Além disso, as PMEs do setor varejista também voltaram a apresentar crescimento no mês anterior, ainda que em ritmo discreto (+0,7% YoY), puxado por segmentos como ‘artigos de colchoaria’, ‘vidros’ e ‘artigos fotográficos e para filmagem’.
“Para 2024 como um todo a expectativa é de que o mercado de PMEs siga em crescimento no país, o que tem como base o cenário de menores pressões inflacionárias, de melhora das condições financeiras das famílias e de efeitos mais claros do ciclo de redução da taxa básica de juros (Taxa Selic) na economia real”, finaliza Beraldi.
Sobre o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs)
Compreendendo a relevância das PMEs no desempenho econômico do nosso país, a Omie desenvolveu o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que acompanha as atividades econômicas das pequenas e médias empresas brasileiras. A pesquisa da scale-up Omie é um tipo de apuração inédita entre as empresas do segmento, atuando como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, além de oferecer uma análise segmentada setorialmente do mercado de PMEs no Brasil. Para elaborar os índices, a Omie analisa dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 150 mil clientes*, cobrindo 678 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) – considerando filtros de representatividade estatística. Os dados são deflacionados com base nas aberturas do IGP-M (FGV), tendo como base o índice vigente no último mês de análise, com o objetivo de expurgar o efeito meramente inflacionário na série temporal, permitindo que se observe a evolução das movimentações financeiras em termos reais.