Faturamento das PMEs recua 2,4% em março e tem pior primeiro trimestre desde 2021

Comércio e serviços sustentam desempenho positivo, enquanto indústria e infraestrutura seguem em queda

O desempenho das pequenas e médias empresas brasileiras voltou a registrar retração em março de 2025, com queda de 2,4% no faturamento médio em relação ao mesmo período do ano anterior. O dado é do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões. Após estabilidade em fevereiro (+0,3% YoY), o recuo de março contribuiu para que o primeiro trimestre encerrasse com retração de 1,2% na comparação anual — o pior resultado desde o quarto trimestre de 2021.

A análise considera 736 atividades econômicas, organizadas em quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços. A deterioração do cenário macroeconômico foi decisiva para o desempenho negativo, segundo avaliação de Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão em nuvem responsável pelo índice.

“A queda do IODE-PMEs no período ocorreu em um momento macroeconômico desafiador, com maiores pressões inflacionárias, subida das taxas de juros pelo Banco Central do Brasil e, especialmente, significativa deterioração das expectativas dos agentes econômicos”, afirma Beraldi.  

> “O choque de confiança na economia ocorre tanto em virtude de incertezas domésticas com a condução da política econômica, quanto pelo aumento dos riscos na economia global, com o debate em torno do aumento de tarifas comerciais nos Estados Unidos sob o governo Trump.”

A análise encontra respaldo em outros indicadores de confiança. A Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE apontou queda na confiança dos consumidores entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, com o índice se mantendo no campo pessimista em março, apesar de uma ligeira alta. O principal fator é o impacto da inflação sobre os alimentos e a elevação dos juros, que afetam diretamente a situação financeira das famílias.

Outro levantamento que reforça o clima de incerteza é a Sondagem Omie das Pequenas Empresas, realizada entre fevereiro e março de 2025. O estudo mostra que 51% dos pequenos empresários preveem piora no ambiente econômico, número superior aos 39% registrados na edição anterior da pesquisa, realizada em setembro de 2024.

Comércio e serviços: os setores que sustentam a resiliência

Apesar do cenário macroeconômico adverso, o Comércio manteve desempenho positivo, com alta de 2,9% no faturamento real em março de 2025, embora em desaceleração frente ao crescimento de 13,1% registrado em fevereiro. O crescimento é puxado principalmente pelo atacado (+4,3% YoY), com destaque para atividades como representantes comerciais e agentes do comércio de medicamentos, cosméticos e perfumaria; comércio atacadista de equipamentos elétricos de uso pessoal e doméstico; e comércio atacadista de bebidas.

Já o varejo apresentou retração de 3% em março, após crescimento modesto em fevereiro (+1,2% YoY). Mesmo com o resultado negativo, alguns segmentos seguem em alta, como o comércio varejista de medicamentos veterinários, de equipamentos para escritório e de alimentos.

O setor de Serviços também avançou em março, com alta de 1,5% em relação ao mesmo mês de 2024. As atividades de informação e comunicação, artes, cultura, esporte e recreação, além de atividades financeiras, impulsionaram o desempenho. No entanto, segmentos como educação e serviços profissionais e técnicos ainda enfrentam dificuldades.

Indústria e infraestrutura continuam em retração

As PMEs da Indústria registraram queda de 7% no faturamento em março, na comparação anual, marcando o quinto recuo consecutivo do setor. Entre os 23 subsegmentos monitorados da indústria de transformação, 16 apresentaram retração, com destaque negativo para metalurgia e fabricação de móveis. Em contrapartida, segmentos como fabricação de produtos de metal e de produtos químicos apresentaram crescimento.

Na Infraestrutura, a retração foi de 5% no faturamento médio real das PMEs. A combinação de juros elevados e queda na confiança já impacta diretamente setores da construção civil, com quedas expressivas em construção de edifícios (-29,7% YoY) e serviços especializados para construção (-14,4% YoY).

Apesar do cenário adverso, Beraldi aponta um fator de sustentação do crescimento: “Mesmo com grandes desafios macroeconômicos no radar, o cenário básico para a economia brasileira não sugere uma interrupção total do crescimento. O principal fator que sustenta essa perspectiva é a continuidade no crescimento da renda das famílias brasileiras, em grande parte devido ao avanço dos rendimentos reais do trabalho nos últimos meses.”

Segundo dados do próprio índice, o rendimento médio real do trabalho no Brasil cresceu 4,4% no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2025. Em fevereiro, esse valor já estava 7,8% acima da média registrada em 2019, no período pré-pandemia.

Metodologia do índice

O IODE-PMEs é elaborado pela Omie a partir da análise de dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 170 mil clientes. A amostra abrange 701 CNAEs (Classificações Nacionais de Atividades Econômicas), considerando critérios de representatividade estatística. Os dados são ajustados com base no IGP-M (FGV) para eliminar efeitos inflacionários e permitir a análise real do desempenho das empresas.

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