Que no dinâmico ambiente empresarial atual, a capacidade de se comunicar de maneira eficaz não é apenas uma habilidade desejável, mas uma competência essencial, não é novidade. Acontece que muitos líderes têm eloquência nas palavras, são desinibidos, se expressam bem, mas… por motivos alheios aos seus conhecimentos, não conseguem alcançar os corações e mentes do seu time, dos seus pares, ou mesmo cativar o público em uma apresentação profissional. É aí que entram os Supercomunicadores, uma categoria de comunicadores que sabe, de forma consciente, gerar conexão.
A lacuna de habilidades em c-levels não é uma questão de falta de conhecimento técnico ou experiência em suas áreas de atuação. Muitas vezes, é a dificuldade em comunicar de maneira eficaz que impede líderes de alcançarem o potencial pleno. Um estudo da Interact, realizado em 2021, revelou que 69% dos gestores se sentem desconfortáveis ao se comunicarem com seus funcionários, o que pode levar a uma falta de transparência e compreensão, impactando negativamente a moral e a produtividade das equipes.
No mundo atribulado de hoje, temos a oportunidade de falar por diversos canais, com muitas pessoas ao mesmo tempo, e o que ocorre é que este excesso, ao invés de gerar proximidade, na maioria das vezes, gera superficialidade. Eu sempre digo que falar não é o mesmo que se expressar, e existe uma grande distância entre os resultados provenientes de uma ação e de outra. Para qual destas ações você tem empenhado os seus esforços de comunicação?
A necessidade de comunicar-se de forma autêntica, criando laços e conexões é tão fundamental nos dias atuais, que Charles Duhigg, o autor best-seller do livro “O Poder do Hábito”, lançou este ano, durante o SXSW – o maior festival de criatividade e inovação do planeta – sua mais recente obra “Supercommunicators: How to Unlock the Secret Language of Connection” ou, na tradução da editora, “Supercomunicadores: Como desbloquear a linguagem secreta da comunicação”, mas eu prefiro manter o original “a linguagem secreta da conexão”, porque é exatamente disso que se trata. A teoria de Duhigg explora as técnicas e estratégias que transformam indivíduos comuns em mestres da conexão e, consequentemente, da arte de transmitir ideias, influenciar opiniões e motivar equipes com precisão e impacto, para gerar resultados.
Mas a verdade é que os pontos colocados e defendidos por Duigg em sua nova obra, não são novos. Eles compõem o conjunto de habilidades há muito estudado em comunicação, oratória e retórica, e que têm sua essência no século V a.C., na Grécia Antiga, quando filósofos começaram a introduzir racionalidade à arte da comunicação e transformá-la em ciência.
A genialidade e a oportunidade de Duigg em sua nova obra, é ter evidenciado para o mundo contemporâneo, a necessidade iminente dos profissionais trazerem consciência à esta habilidade que, ao primeiro momento, soa como algo automático demais para ser pensado. E, ainda, ter evidenciado, através de exemplos e narrativas, que para se comunicar bem, é preciso, antes de tudo, entender de pessoas.
Isso significa que não se desenvolve a habilidade da comunicação de forma isolada. Ela é compostas por outros elementos que irão influenciar a forma como supercomunicadores se comunicarão com um ou outro indivíduo, utilizando-se da adaptabilidade – que entrega um sinal de inteligência emocional elevada – e da escolha sobre quais narrativas utilizarão para construir conexões com eficácia. Este é apenas um exemplo de múltiplas ações e saberes, em prol de uma comunicação de êxito, seja no dia a dia, nos palcos ou em interações públicas.
No contexto empresarial, os supercomunicadores desempenham um papel crítico na facilitação da mudanças e na consolidação de culturas organizacionais fortalecidas, que perpetuam entre os diferentes níveis hierárquicos de uma companhia. Pense em quando uma empresa enfrenta uma transformação significativa, seja uma fusão, reestruturação ou implementação de novas tecnologias, a comunicação clara e eficiente será certamente essencial para o sucesso.
Os supercomunicadores são os profissionais que gerenciam expectativas, mitigam resistências e alinham todos os stakeholders em torno de um objetivo comum. Exemplos práticos de líderes que conduziram mudanças organizacionais com eficácia incluem figuras como Jeff Bezos, cuja habilidade de comunicação foi crucial para a expansão e inovação contínua da Amazon, ou Steve Jobs, que se utilizava da habilidade da comunicação para criar conexões emocionais com o público consumidor da Apple, e transformava eventos de lançamentos em verdadeiros espetáculos. Sua capacidade de comunicar a visão da Apple, alinhava a equipe interna, enquanto conquistava milhões de fãs ao redor do mundo.
A partir destes exemplos, fica claro entender por que desenvolver habilidades de comunicação eficazes é crucial para qualquer profissional que aspire a liderança e sucesso empresarial. Chegamos então a um divisor de águas, onde a busca por capacitação em comunicação deixa de ser vantagem competitiva, para se tornar uma necessidade imperativa no ambiente corporativo contemporâneo.
Chegamos então a um divisor de águas, onde a busca por capacitação em comunicação, não é mais uma vantagem competitiva, para se tornar uma necessidade imperativa no ambiente corporativo contemporâneo.”
– Letícia de Freitas e Castro – jornalista, empresária e mentora de Comunicação Autêntica e de Alta Performance para Líderes
Hoje, não basta mais ser um bom comunicador. Com inspiração nos insights trazidos por Charles Duhigg, entramos na Era dos Supercomunicadores – aqueles que inspiram, influenciam e impulsionam suas organizações a novos patamares, através de uma dinâmica de comunicação consciente e eficiente.
Letícia de Freitas e Castro
Jornalista, empresária e Mentora de Comunicação Autêntica e de Alta Performance para Líderes.
