Nova estrutura fiscal, com implementação total até 2033, exige adoção urgente de sistemas de gestão e revisão estratégica nas PMEs
A Reforma Tributária já está transformando o ambiente de negócios no Brasil e impõe uma adaptação profunda às empresas — especialmente às pequenas e médias (PMEs). O novo sistema fiscal, que substituirá cinco tributos atuais por dois impostos unificados até 2033, exige mudanças estruturais e reforça a urgência da digitalização e do uso de ferramentas tecnológicas de gestão.
Segundo levantamento da Thomson Reuters realizado entre abril e maio de 2024, 54% dos profissionais de departamentos fiscais ainda estão nos estágios iniciais de preparação, enquanto 90% preveem impactos de médio a muito alto nas operações. A maioria das empresas ainda está começando a se informar sobre as novas regras, o que revela um cenário de alerta diante do prazo para a transição.
Para o economista Felipe Beraldi, Gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão empresarial em nuvem, o principal ponto de atenção é a criação do modelo IVA-dual, composto pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Eles substituirão os atuais ICMS, ISS, PIS e Cofins, exigindo reestruturações nas rotinas fiscais e administrativas.
“Trata-se do modelo IVA-dual, composto pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que substituirão ICMS, ISS, PIS e Cofins. Esse novo formato exige atenção redobrada das empresas quanto à apuração dos tributos, gestão de crédito e reorganização de processos internos”, alerta.
O impacto para as PMEs será ainda mais relevante para aquelas que atuam no mercado B2B. As grandes companhias deverão privilegiar fornecedores que gerem créditos tributários integrais, o que pressiona empresas do Simples Nacional a avaliarem mudanças estratégicas.
“As grandes empresas tendem a priorizar fornecedores que geram créditos tributários integrais. Assim, muitas PMEs do Simples Nacional terão que decidir entre permanecer no regime atual, migrar para o recolhimento do IVA no regime regular (por fora do Simples) ou até mesmo mudar de regime tributário — o que exige preparo e análise minuciosa”, esclarece Beraldi.
Nesse contexto, deixar a adaptação para a última hora pode representar riscos à competitividade e à conformidade fiscal. Reavaliações de fluxo de caixa, capital de giro, regime tributário, cadeia de fornecimento e precificação serão essenciais, e exigirão uma gestão integrada e precisa.
A tecnologia, nesse novo cenário tributário, torna-se aliada estratégica. Plataformas de gestão baseadas em nuvem permitem maior integração entre áreas financeira, contábil e operacional, além de gerar dados em tempo real para a tomada de decisão.
“Com a digitalização, as empresas ganham visibilidade em tempo real sobre o fluxo de caixa, estoque, emissão de notas e obrigações acessórias. Isso será fundamental para atender às exigências da reforma e evitar penalidades”, reforça Beraldi.
A Rede de Compras, e-commerce com oito anos de atuação no mercado digital, é um exemplo de empresa que já está em movimento. Desde 2022, a companhia utiliza um sistema de ERP para automatizar seus processos e se preparar para a transição tributária. “Já iniciamos esse processo na nossa empresa. Atuamos lado a lado com o contador porque entendemos que essa responsabilidade deve ser compartilhada. Com um sistema de gestão forte e robusto estamos um passo à frente nessa transição”, afirma Andrew Lucas, sócio-proprietário da empresa.
