Mega investimento da ByteDance no Ceará reforça liderança brasileira em infraestrutura digital e reacende alertas sobre qualificação profissional e sustentabilidade
O anúncio recente de um data center de mais de R$ 50 bilhões no Ceará marca um dos maiores aportes no setor já registrados no país. O mega investimento é da ByteDance, controladora do TikTok, em parceria com a Casa dos Ventos. A iniciativa, divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, consolida o Brasil como o principal polo de infraestrutura digital da América Latina, mas também evidencia gargalos na formação de profissionais e pressões crescentes por práticas sustentáveis.
O país conta hoje com 163 data centers em operação, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ocupando a 11ª posição no ranking global. Na América do Sul, lidera de forma isolada. Um estudo do IBANET/Demarest, baseado em projeções de investimentos anunciados pelo setor, estima que o Brasil deve movimentar R$ 258 bilhões até 2027, reforçando a magnitude do mercado local.
Fatores como disponibilidade de energia renovável, posição geográfica estratégica e demanda crescente por serviços digitais têm impulsionado a atração de novas operações. Para o megaprojeto da ByteDance, a energia utilizada será 100% renovável, contribuindo para evitar aumento da pegada de carbono.
Além disso, o governo federal adotou neste ano uma série de incentivos fiscais voltados ao setor, buscando consolidar o país como destino prioritário para empresas globais de tecnologia que buscam expansão regional.
Déficit de profissionais preocupa o setor
Embora o cenário seja promissor, a expansão ocorre em ritmo superior ao da formação de mão de obra especializada. A Brasscom, em estudo baseado no acompanhamento do mercado de trabalho entre 2021 e 2025, aponta que o período acumulou déficit superior a 500 mil vagas não preenchidas em tecnologia no Brasil.
A percepção é semelhante em escala global. Segundo a INTWIG Data Management, em pesquisa realizada com empresas de tecnologia de diferentes continentes, 45% das organizações têm dificuldade para contratar profissionais de TI, enquanto metade desses trabalhadores considera que as condições de trabalho oferecidas não são ideais.
Nesse contexto, o avanço da infraestrutura digital brasileira dependerá de esforços estruturados em capacitação e formação técnica, alinhados às necessidades emergentes do setor.
Sustentabilidade e o avanço da TI Verde
A construção e operação de data centers trazem impactos ambientais que ganham relevância diante da escalada da inteligência artificial e do aumento do processamento de dados. O mercado global de tecnologia verde segue em aceleração e deve saltar de US$ 21 bilhões em 2024 para US$ 105 bilhões em 2032.
O consumo de água é um dos principais desafios, já que o recurso é essencial para sistemas de resfriamento. A Hostinger, em campanha recente sobre sustentabilidade em data centers, destacou que um e-mail de 100 palavras gerado por IA consome em média 500 ml de água, dado alinhado ao esforço de conscientização sobre o uso de recursos naturais.
A empresa, especializada em hospedagem de sites, reforçou alternativas para minimizar o impacto ambiental e já opera com energia 100% renovável em suas estruturas, exemplo que indica caminhos possíveis para outros players do setor.
Caminhos para o futuro
A combinação entre megainvestimentos, demanda crescente por infraestrutura digital e necessidade urgente de equilíbrio ambiental coloca o Brasil em um momento decisivo. Especialistas apontam que a redução da lacuna de talentos e a adoção de práticas permanentes de sustentabilidade serão determinantes para que o país transforme sua liderança regional em vantagem competitiva de longo prazo.
À medida que projetos de larga escala como o novo data center da ByteDance avançam, o TI Verde tende a assumir protagonismo na discussão sobre inovação, eficiência e impacto positivo, consolidando a tecnologia como agente de desenvolvimento econômico responsável.
