Pesquisas indicam aumento no faturamento e no número de e-commerces registrados no país. Competitividade pode ser um desafio
Continuando a tendência observada em 2023, as plataformas de e-commerce brasileiras se mantiveram em alta e com fluxo intenso neste início de ano, segundo o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da agência Conversion. Sites e aplicativos de lojas, somados, tiveram 30,6 bilhões de acessos do Brasil nos últimos 12 meses — somente em janeiro, foram 2,67 bilhões de visitas únicas.
Com esse sucesso, a previsão de faturamento do setor circula na casa dos R$ 205,11 bilhões neste ano, conforme indica a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Em 2023, foram R$ 185,7 bilhões, um aumento de 10% em comparação com 2022.
Apesar dos números promissores de mercado, muitas empresas têm que lidar com um desafio proeminente. Como atrair a atenção dos consumidores em um cenário tão competitivo? Afinal, são quase dois milhões de e-commerces registrados no país, de acordo com a BigDataCorp.
Daniela Torres, Sócia e CEO da Simples Inovação, empresa com foco em modelagem de negócios para o e-commerce, acredita que as marcas devem repensar mais uma vez as suas estratégias para as vendas online, e se adaptar à medida que as prioridades vão mudando. “Apenas investir em campanhas publicitárias não é mais o suficiente. Tecnologias que facilitem os processos e otimizem o relacionamento no ambiente digital podem fazer mais diferença durante o fluxo de demandas”, comenta.
Daniela acredita que a satisfação dos clientes ainda deve ser a prioridade. Por isso, é interessante entender seu comportamento de compra e de navegação para traçar estratégias que se alinhem às expectativas. “O uso da Inteligência Artificial pode auxiliar as empresas nessa tarefa. Existem ferramentas que podem fazer a coleta segura de informações dos consumidores, como preferências de horário, produtos favoritos e formas de pagamento mais usadas. As percepções extraídas dessa análise de dados são o ponto inicial para traçar o planejamento certo”, explica.
A especialista também destaca que o mercado deve inclinar seu olhar para o consumo da Geração Z, que busca por um atendimento personalizado. “Para consumidores desse perfil, vale voltar o olhar para o uso de chatbots e sistemas de recomendação. A eficiente gestão de anúncios nas redes sociais também deve ser considerada, pois é onde boa parte desse público se encontra. Assim, fortalece-se o posicionamento da marca e prospectam-se novos leads”, comenta a executiva.
Outro fator relevante é o sistema de entrega dos itens adquiridos online. Uma pesquisa da Opinion Box, em 2023, mostrou que dois a cada três consumidores já enfrentaram problemas nessa etapa. Dos entrevistados, 57% afirmaram que o produto chegou depois do prazo. “As empresas devem priorizar o tempo estipulado e manter a qualidade do item durante o trajeto, com armazenamento adequado. Ter um bom produto é importante, mas muitos terão que repensar nas estratégias de logística de envio se quiserem atender os consumidores mais exigentes”, pontua.
Os meios de pagamentos flexíveis também têm conquistado os brasileiros. Um exemplo disso é o uso do Pix, que no ano passado movimentou R$ 15,3 trilhões e ganhou espaço no pódio dos favoritos. “Essa versatilidade pode ser o diferencial na escolha do consumidor; por isso, é recomendado fornecer diversas opções de pagamento, sem esquecer da segurança contra golpes e fraudes”, comenta.
“Sendo bem aplicados, todos os elementos podem contribuir para o crescimento exponencial da empresa. Para isso, é necessário analisar o atual momento da companhia e quais estratégias são viáveis, repensando fatores como orçamento, retorno sobre investimento e aplicabilidade”, conclui.