Documento oferece passo a passo para que empresas repensem o modelo de produção, focando em eficiência e sustentabilidade
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), lançou um guia destinado a facilitar a adoção de práticas de economia circular nas indústrias. O documento, intitulado ‘Economia Circular na Prática: Guia de Implementação Segundo a Série ABNT NBR ISO 59000’, fornece um roteiro detalhado para que as empresas possam reestruturar seus processos de produção com foco em sustentabilidade e competitividade.
Com o objetivo de ajudar as indústrias a definir metas e estratégias circulares, o guia também oferece diretrizes claras para a criação de indicadores-chave de desempenho (KPIs), fundamentais para mensurar o progresso no caminho da circularidade. “A economia circular tem se estabelecido como uma das principais estratégias empresariais para enfrentar os desafios ambientais atuais. Ao revisar e aperfeiçoar a forma como extraímos, transformamos, usamos e descartamos recursos naturais e produtos, as empresas podem se tornar mais eficientes, competitivas e sustentáveis”, destacou o Presidente da CNI, Ricardo Alban.
Estratégia nacional de economia circular
O lançamento do guia é parte de um movimento maior, que ganhou força com a Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec), implementada em junho de 2023. A Enec faz parte da política industrial Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo governo brasileiro no início do ano, e é uma resposta direta aos esforços globais para mitigar as mudanças climáticas. A transição do modelo de produção linear para o circular propõe um redesenho da cadeia produtiva, garantindo que o lucro seja obtido de forma sustentável, com uso eficiente dos recursos e minimização de impactos ambientais.
A nova estratégia busca fomentar a inovação, a educação e o desenvolvimento de competências que promovam a redução do uso de recursos e a geração de resíduos. Ela também incentiva o redesenho de produtos e processos de modo a preservar o valor dos materiais. Para viabilizar essas mudanças, o governo brasileiro está implementando instrumentos financeiros que facilitem o acesso a recursos voltados ao modelo circular.
Contribuição da CNI e normas técnicas
A Associação Nacional de Normas Técnicas (ABNT) desempenha um papel crucial na normalização das diretrizes globais de economia circular estabelecidas pela Organização Internacional de Normalização (ISO). A CNI liderou a delegação brasileira nas discussões da ISO, em conjunto com Fiesp e Firjan, permitindo que o Brasil internalizasse esses conceitos e os aplicasse às políticas públicas e à criação do novo guia.
Essa abordagem tem o potencial de transformar a maneira como as indústrias nacionais operam e se relacionam com seus recursos, clientes e fornecedores. “Esperamos que o guia seja um estímulo para que empreendedores e profissionais da indústria encontrem um ponto de partida e os meios necessários para internalizar a circularidade em suas atividades”, disse o Presidente da Firjan, Luiz Cesio Caetano.
Segundo o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, adotar práticas circulares pode transformar não apenas a produção, mas também o relacionamento das empresas com seus parceiros. “Queremos construir um sistema regenerativo, inclusivo e com geração de valor compartilhado”, afirmou ele.
Incentivo a boas práticas e autoavaliação
Como parte das iniciativas para promover a economia circular, a CNI e a Fiesp lançaram uma chamada pública para reconhecer boas práticas da indústria em toda a América Latina e Caribe. As empresas selecionadas terão a oportunidade de expor suas experiências no Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF2025), que será realizado pela primeira vez na América Latina, em maio de 2025, em São Paulo. As inscrições para a chamada pública estão abertas até o dia 31 de outubro de 2024.
Outra ferramenta valiosa oferecida pela CNI é a Rota de Maturidade, uma plataforma gratuita que permite às empresas realizar uma autoavaliação sobre o grau de implementação de práticas circulares. Com base nesse diagnóstico, a ferramenta sugere recomendações práticas para que as organizações avancem em seus esforços de sustentabilidade.
Com o lançamento do guia e a ampliação das ferramentas disponíveis, as três entidades reforçam o papel da economia circular como um caminho estratégico para as empresas enfrentarem os desafios ambientais. A transição para esse modelo, além de garantir eficiência e competitividade, é vista como essencial para a construção de uma indústria brasileira mais sustentável e inovadora.