Após renúncia de CEO, Nissan abre caminho para retomar acordo com a Honda

Makoto Uchida deixa o comando da Nissan após fracasso em fusão com a Honda e crise interna; Ivan Espinosa assume em abril

A Nissan anunciou uma nova troca de comando para tentar reverter sua crise interna e reabrir negociações com a Honda. Makoto Uchida, que assumiu o cargo de CEO após a controversa saída de Carlos Ghosn, foi destituído do cargo após seis anos no comando da montadora japonesa. Em seu lugar, Ivan Espinosa, atual Diretor de Planejamento, assumirá a posição a partir de 1º de abril.

A mudança ocorre após sucessivas quedas de vendas globais da Nissan e uma reavaliação estratégica por parte do conselho administrativo da empresa. A insatisfação com Uchida cresceu especialmente depois do fracasso nas negociações para uma fusão com a Honda, que poderia ter colocado a aliança entre as duas marcas como a terceira maior fabricante de veículos do mundo.

Fracasso na fusão e crise financeira

A tentativa de fusão entre Nissan e Honda inicialmente gerou expectativas positivas no mercado automotivo, mas fracassou devido a impasses estratégicos. O principal entrave ocorreu quando a Honda propôs um modelo de fusão no qual a Nissan se tornaria uma subsidiária da rival, o que não foi aceito pelo conselho da montadora.

O fracasso da negociação agravou a já delicada situação financeira da Nissan. Em meio à crise, a Renault, sua parceira de longa data, reduziu sua participação acionária na empresa, passando de 47% em 2024 para menos de 40% em 2025. O jornal Financial Times chegou a reportar que a Nissan teria entre 12 e 14 meses para sobreviver, dependendo da sua capacidade de atrair novos investidores.

Além disso, no final de 2024, a empresa entrou em “modo de emergência”, segundo fontes internas. O risco de falência se tornou um cenário possível, forçando o conselho da Nissan a tomar medidas drásticas.

Mudança no comando e possível retomada das negociações

Diante da insatisfação do conselho com a condução de Uchida, a Nissan decidiu mudar sua liderança. Segundo Yasushi Kimura, membro do board da Nissan, “dados os desafios globais da indústria e a performance da Nissan, acreditamos que é necessária e apropriada a mudança no topo da nossa linha de gerência. A Nissan está no meio de uma transformação. Por isso, acreditamos que escolhemos a pessoa mais qualificada para liderar o time”.

A transição para Ivan Espinosa, que ocorre em 1º de abril, pode reabrir as conversas com a Honda. A Nissan, que se encontra à beira da falência, vê na possível fusão uma oportunidade para garantir sua sobrevivência e reverter sua crise financeira. 

Já Makoto Uchida, ao comentar sua saída, declarou que “a prioridade máxima da Nissan hoje é sair da atual situação que está o mais rápido possível e colocar a companhia nos eixos. Acredito que deixei claro aos diretores da Nissan que passar o bastão ao meu sucessor rapidamente é o jeito de mostrar responsabilidade como um CEO”.

Impacto na América do Sul

Apesar da crise global, a produção da Nissan no Brasil segue com investimentos. A empresa anunciou R$ 2,8 bilhões para sua fábrica em Resende (RJ), focados na produção de novos modelos. No entanto, a situação na Argentina se tornou mais crítica. 

O desenvolvimento da nova geração da picape Frontier foi suspenso em Córdoba, afetando empregos na fábrica e gerando tensão com o sindicato dos metalúrgicos da região. Em fevereiro, a fornecedora argentina Maxion Montich, responsável pela fabricação dos chassis da Frontier, apresentou ao governo um plano de contenção de crise, incluindo lay-off, ajustes salariais, planos de demissão voluntária e antecipação de feriados.

O sindicato local já ameaça entrar em greve caso a Nissan não tome medidas eficazes para lidar com a situação.

Futuro incerto

A mudança na liderança da Nissan representa uma tentativa de reestruturação estratégica para recuperar a competitividade da montadora. A possível retomada das negociações com a Honda pode ser crucial para garantir a sobrevivência da empresa, que enfrenta um de seus momentos mais desafiadores.

Com Ivan Espinosa no comando, resta saber se a Nissan conseguirá reverter sua crise financeira e encontrar um caminho sustentável para o futuro.

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