Cannabis Medicinal no Brasil: uma modalidade de tratamento em ascensão

Você já ouviu falar do tratamento a base de Cannabis Medicinal? A utilização de princípios ativos da planta tem ganhado destaque no cenário médico global, trazendo melhorias significativas em diversas áreas de saúde e bem-estar. A medicina tem feito uso de ativos como o CDB (canabidiol), o CBN (canabinol) e o CBG (canabigerol), para tratamentos que vão desde condições como ansiedade, estresse, insônia, depressão e pânico, a patologias mais severas, proporcionando equilíbrio e qualidade de vida aos pacientes.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Kayamind, no relatório “Impacto Econômico da Cannabis 2021”, as três condições médicas com maior demanda de tratamento a base de cannabis são: ansiedade, transtorno do espectro autista (TEA) e epilepsia. E, dentre 23 condições médicas, o Brasil possui estimativa de 6,9 milhões de pacientes, o que reflete em 3,4% da população brasileira, de acordo com o censo 2022, que poderiam ser atendidos com tratamentos a base de cannabis.

Diante do cenário, as principais redes de hospitais e instituições de ensino vêm destinando recursos para pesquisas científicas que comprovam a eficácia dos tratamentos a base de cannabis. Desde 2015, a Anvisa autorizou 75 pesquisas relacionadas ao tema, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu, em 2023, nota técnica de validação de Programa Institucional de Políticas de Drogas, Diretos Humanos e Saúde Mental, que atesta os avanços da cannabis medicinal em termos de segurança e legitimação dos principais estudos e condições médicas com maior volume de evidências na literatura científica.

Uso da cannabis medicinal no esporte de alta performance e a acessibilidade ao medicamento

Há avanços significativos também na área esportiva, em que tratamentos a base de cannabis são utilizados por atletas de alta performance, como substituto do corticoide, já que os derivados da cannabis não afetam o desempenho do atleta. Desde 2018, o uso de cannabis no esporte passou a ser liberado pela Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês), para tratamentos de lesões, dores e inflamações, além de controle de ansiedade e qualidade do sono dos atletas.

Tal facilidade de consumo, entretanto, acontece nos Estados Unidos, país em que alguns estados, como a Califórnia, já legalizaram a comercialização de medicamentos a base de cannabis. No Brasil, o uso e comercialização ainda estão submetidos à autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Apesar da restrição para consumo, já se percebe muitos avanços no que tange à democratização e acessibilidade dos tratamentos em solo brasileiro. Segundo Alex Lucena, Investidor e Consultor de Negócios em Cannabis, “há três, quatro anos, um vidro de CBD chegava a custar R$ 2.500, R$ 2.700, até R$ 3.000, ou seja, era acessível somente para a elite brasileira. Neste setor, o nosso esforço é para que este preço caia, para que a população tenha acesso. Eu estou neste mercado há sete anos. Olhando pelo retrovisor, a gente está dando bons passos, mas pensando em Brasil, com 210 milhões de habitantes, a gente ainda está muito longe do que a gente tem que atingir para conseguir que esta planta ajude muito mais pessoas”, diz.

Como o judiciário e a esfera pública tratam o tema no Brasil

Em termos legais, há avanços importantes, como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021, que define que “cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na Anvisa, têm a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a incapacidade econômica do paciente, a  imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS.”(STF, RE 1.165.959). De 2015 a 2023, o Governo brasileiro investiu R$ 165,8 milhões com fornecimento público de tratamentos em cannabis e, recentemente, o Governo de São Paulo abriu licitação para contratação de distribuição gratuita de medicamentos de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O valor do contrato é de R$ 84 milhões.

A importância da prescrição médica segura

A prescrição médica para tratamentos a base de cannabis, entretanto, ainda encontra barreiras, quer seja pela falta de informação técnica por parte do profissional de saúde sobre os benefícios dos princípios ativos da planta, quer seja por falta de conhecimento médico nas etapas de prescrição.  

Diante da crescente demanda e possibilidade de tornar os tratamentos acessíveis à população, a Dr. Cannabis, vertical de educação da Cannect, oferecerá gratuitamente o curso “Cannabis Medicinal do zero 2.0”, que visa a capacitação em cannabis medicinal para médicos e dentistas prescritores do SUS. A capacitação acontecerá de forma online, entre os dias 15 de março e 29 de abril, com inscrições até o dia 11/03. As inscrições para o curso já ultrapassam 2 mil profissionais, e esta se propõe a ser a maior capacitação em prescrição de cannabis medicinal para médicos e dentistas da iniciativa pública.   

“Conhecer profundamente os princípios de ação dos medicamentos e acompanhar a evolução clínica dos pacientes são elementos críticos para o uso responsável e seguro da cannabis medicinal. A falta de especialização pode comprometer a correta prescrição, limitar o acesso e impedir que os benefícios da terapêutica sejam reconhecidos”, afirma Allan Paiotti, CEO e fundador da Cannect.

“Não estamos medindo esforços para fornecer esta capacitação de forma gratuita ao número máximo de profissionais da saúde que atendem pelo SUS, pois sabemos das dificuldades destes arcarem com o custo da formação, e temos consciência do que esta ação do SUS representa em termos de acessibilidade aos tratamentos em cannabis para a população brasileira. Na realidade, quanto mais médicos brasileiros, profissionais do SUS ou de atendimento por plano de saúde ou particular, tiverem conhecimento aprofundado sobre o tema e os métodos de prescrição segura dos tratamentos a base de cannabis, melhores serão os resultados e, consequentemente, os avanços legais para tratamentos que podem beneficiar milhões de pessoas em condições de saúde comprometida”, alerta Lucena.

Compartilhe:

Deixe o seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

sobre

Ecossistema de conteúdos e entrevistas exclusivas sobre Carreira . Gestão Empresarial . Liderança . Autoconhecimento . Mentalidade de Sucesso

Acompanhe as nossas redes sociais

assine nossa newsletter

Siga a Letícia nas redes sociais

© 2024 Identidades de Sucesso | Empresa do Grupo Identidade | Todos os Direitos Reservados | Portal desenvolvido por ID Branding & Co.