Caso do estilista italiano evidencia como regras claras podem preservar empresas familiares e fortalecer a confiança do mercado
No dia 4 de setembro de 2025, aos 91 anos, o estilista italiano Giorgio Armani faleceu em Milão, informou a empresa que leva seu nome. “Com infinita tristeza, o Grupo Armani anuncia o falecimento de seu criador, fundador e incansável força motriz: Giorgio Armani”, disse a casa de moda em comunicado oficial. Reconhecido como “Re Giorgio” (Rei Giorgio), Armani foi um ícone da elegância italiana e também um empresário visionário, à frente de uma companhia que movimenta cerca de 2,3 bilhões de euros por ano.
Ausência de herdeiros não impediu sucessão bem estruturada
A morte do estilista Giorgio Armani trouxe à tona a relevância do planejamento sucessório em empresas familiares de grande porte. Sem filhos, o criador da icônica grife italiana deixou um plano sólido para assegurar que a continuidade da marca e a estabilidade da companhia fiquem nas mãos de familiares próximos.
A decisão mostra que a sucessão não se limita ao universo da moda ou a conglomerados bilionários internacionais. No Brasil, o tema é igualmente urgente: a ausência de regras claras de governança e sucessão expõe negócios familiares a riscos que podem comprometer tanto a gestão quanto o valor de mercado.
“O caso Armani é um ótimo exemplo aos empresários brasileiros que ainda relutam em iniciar um planejamento para a sucessão do seu negócio, seja ele de pequeno ou grande porte”, afirma Jônia Barbosa de Souza, sócia da área Societária e de M&A do Duarte Tonetti Advogados.
Governança, estabilidade e impacto no mercado
A falta de planejamento sucessório não afeta apenas o ambiente familiar. No mercado financeiro, ela pode gerar instabilidade, afastar investidores e até reduzir o valor das companhias. Por outro lado, quando há estruturação de regras de governança e diretrizes claras para a sucessão, os impactos são positivos e duradouros.
“Fica claro que boas regras de governança e a certeza da solidez na gestão dos negócios contribuem para manter a tranquilidade dos investidores. O mercado responde positivamente quando confia que haverá transições seguras”, explica a advogada.
Segundo dados do IBGE, aproximadamente 90% das empresas brasileiras têm perfil familiar, mas apenas uma pequena parcela conta com planos sucessórios formalizados. Essa lacuna é uma das principais razões para litígios, disputas judiciais e até falências após a saída de fundadores.
“Na ausência de um plano de sucessão, o negócio tende a sofrer o impacto da falta de seu fundador. A consequência financeira de tal impacto é normalmente o motivo para os desentendimentos e disputas judiciais entre os familiares”, ressalta Jônia.
Para a especialista, o modelo adotado por Giorgio Armani deve servir de alerta: sucessão empresarial não é apenas um tema interno das famílias empresárias, mas uma questão estratégica que envolve governança, continuidade, preservação de legado e confiança do mercado.

