Economia global do wellness movimenta US$ 6,3 trilhões e fortalece espaços integrativos que unem saúde, sustentabilidade e conexão humana
O autocuidado deixou de ser visto como um momento pontual e passou a ocupar um lugar central na rotina. Cada vez mais contínuo, intencional e coletivo, esse movimento tem impulsionado o crescimento dos chamados hubs de bem-estar, que se consolidam como refúgios urbanos em meio ao ritmo acelerado da vida moderna.
Inspirados por práticas integrativas e por uma abordagem mais ampla de saúde, esses espaços vão além da estética e incorporam rituais de presença, nutrição consciente, terapias complementares e experiências de pertencimento. Mais que tendência, eles representam uma resposta à necessidade urgente de equilíbrio físico, mental e emocional.
O impacto econômico desse movimento é expressivo. De acordo com o Global Wellness Institute, a economia global de bem-estar alcançou US$ 6,3 trilhões em 2023, com crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Só o setor de spas registrou alta de 29,3%, reflexo direto da busca crescente por vivências restaurativas.
Para Leliano Corrêa, fundador da Maitá e idealizador de projetos sensoriais no Sul do país, a ambientação desses espaços é um diferencial estratégico. “A ambientação pensada para trazer conforto contribui para o relaxamento, a despoluição visual e a conexão sem interferências externas. A rotina de ruídos, perigo e violência traz danos ao bem-estar mental, e proporcionar um ambiente com estímulos certos é um benefício direto para a autoestima e o bem viver”, afirma.
O novo modelo também marca uma mudança de comportamento: menos consumo imediato e mais conexão verdadeira, em que o bem-estar, antes considerado secundário, se consolida como pilar essencial de saúde integral. “O bem-estar está sendo cada vez mais incorporado como ferramenta de saúde basilar para quem procura a longevidade”, explica Corrêa.
Além da ambientação, a proposta dos hubs de wellness está em oferecer experiências imersivas que favoreçam a reconexão com o presente. Muitos desses centros reúnem palestras, rodas de conversa, práticas coletivas e atendimento multiprofissional, com equipes compostas por fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, terapeutas integrativos e educadores corporais. Investir em bem-estar impacta diretamente na produtividade e na qualidade de vida, mas depende de escolhas conscientes. O objetivo é proporcionar um cuidado completo, que respeite o tempo de cada corpo e a singularidade de cada indivíduo.
“Essa não é uma tarefa fácil, exige mudanças de hábitos, atenção ao descanso, alimentação e investimento financeiro ajustado às boas escolhas. Quem ocupa posições de liderança, se não tiver esse olhar de reeducação, pode negligenciar o próprio bem-estar em nome de outras prioridades, trazendo benefícios financeiros, mas perdendo qualidade de vida”, completa Leliano.
No Brasil, o fenômeno ganha contornos próprios, ligados às realidades culturais e sociais locais. Os hubs de bem-estar vêm se consolidando como polos de inovação social, onde empreendedorismo, inclusão e saberes tradicionais se encontram. Iniciativas lideradas por mulheres, a valorização de ingredientes nativos e redes colaborativas reforçam como o wellness também pode ser motor de transformação econômica e cultural.
Em um cenário marcado pelo excesso de telas, tarefas e pressões, cultivar silêncio interno e conexões humanas tornou-se essencial. Mais do que serviços, esses espaços propõem um novo modo de viver, em que o bem-estar deixou de ser visto somente como luxo, para se tornar uma necessidade para aquels buscam cultivar a saúde de forma multidisciplinar e sustentável ao longo do tempo.
