Saul e Michael Klein travam batalha por herança milionária enquanto Mapa Capital assume controle da varejista
A venda do controle das Casas Bahia para a Mapa Capital, anunciada no início de agosto, acontece em paralelo a um capítulo acirrado da disputa judicial entre os irmãos Saul e Michael Klein pela herança do pai, Samuel Klein, fundador da varejista.
Michael, que atua como inventariante e testamenteiro, contestou o pedido de antecipação de herança feito por Saul, justificando que o irmão não estava internado no hospital, como havia afirmado. Além de pedir à Justiça que negue o adiantamento de valores, Michael também requereu que Saul seja condenado por litigância de má-fé – conduta caracterizada quando uma parte age de forma desonesta, tenta enganar ou prejudicar a outra ou ainda atenta contra o próprio sistema judicial.
Na petição apresentada na semana passada, Saul Klein, 71 anos, solicitou autorização urgente para receber parte da fortuna deixada por Samuel Klein, morto em novembro de 2014. Ele alegou estar internado em estado crítico na UTI do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
A defesa de Michael rebateu, apontando inconsistências. “Como poderia Saul sustentar que, na data de 16/07/2025, estaria internado na UTI, em estado grave e sem previsão de alta médica e, pouquíssimos dias depois, sequer constar no rol dos pacientes internados no hospital?”, questiona o documento. Segundo os advogados, a suposta condição médica teria sido “mero artifício para tentar justificar o pleito de antecipação de valores”.
Outro ponto levantado pela defesa de Michael é que Saul é beneficiário de um plano de saúde do Bradesco Seguros, que cobriria eventuais despesas médicas. “Bem por isso, o pleito de Saul não foi acompanhado por nenhum comprovante de pagamento de despesas médicas”, afirma a petição.
Batalha que já dura uma década
A disputa pela herança de Samuel Klein se arrasta há cerca de dez anos, envolvendo não apenas questões financeiras, mas também acusações graves. Em 2023, Saul foi condenado a pagar R$ 30 milhões por tráfico de pessoas, ocasião em que afirmou enfrentar altos custos com cirurgias e tratamentos.
No início do processo, a fortuna deixada por Samuel foi estimada em R$ 260 milhões. Corrigido pela inflação, o montante pode chegar hoje a aproximadamente R$ 500 milhões.
Venda e mudança no controle das Casas Bahia
Enquanto o processo judicial segue, o cenário corporativo da empresa também passa por transformação. A Mapa Capital assumirá 85,5% do capital social da Casas Bahia após a conversão de R$ 1,4 bilhão em debêntures da 10ª emissão, totalizando R$ 1,5 bilhão. Com isso, a Domus VII Participações, subsidiária da Mapa, recebeu cerca de 558,8 milhões de ações ordinárias ao preço médio de R$ 2,95 cada.
O novo controlador já anunciou mudanças estratégicas, incluindo a ampliação do Conselho de Administração para sete membros, a indicação de três conselheiros e a nomeação de representantes para comitês internos da companhia.