Coalizão de Líderes na ONU em Viena viabiliza investimento de us$ 1,2 trilhão em IA para o Sul Global

Cúpula da AIFOD revela como parcerias corporativas com países em desenvolvimento podem desbloquear oportunidades de mercado sem precedentes

Uma coalizão inovadora de líderes corporativos surgiu da cúpula do AIFOD – AI for Developing Countries Forum, ou, em tradução livre, Fórum de Inteligência Artificial para Países em Desenvolvimento, realizada no Escritório das Nações Unidas em Viena. Executivos do setor declararam que o Sul Global representa a oportunidade de mercado em IA mais significativa e ainda inexplorada da próxima década — potencialmente avaliada em US$ 1,2 trilhão até 2035.

O encontro de três dias reuniu 600 delegados de mais de 120 países, incluindo CEOs, executivos seniores e líderes de investimento que participaram não como doadores filantrópicos, mas como parceiros estratégicos, reconhecendo que os mercados em desenvolvimento oferecem às empresas de IA suas trajetórias de crescimento mais promissoras.

“Acreditamos que a IA e as tecnologias digitais podem ajudar pequenas e médias empresas a acessar oportunidades no setor privado”, explicou Jason Slater, Chief AI and Innovation Digital Officer da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization ou, em tradução livre, Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), destacando como organizações internacionais estão se reposicionando para facilitar essas parcerias. “Não se trata de ajuda — e sim de desbloquear mercados.”

O argumento de negócios ganhou força com dados econômicos apresentados durante as sessões da cúpula. Enquanto os mercados de IA em países desenvolvidos mostram taxas de crescimento anuais entre 19% e 20%, os mercados em desenvolvimento estão passando por uma expansão explosiva: Brasil com 28,61%, Índia com 34,4% e Indonésia com 28,65%. Para os participantes corporativos, esses números representam a diferença entre crescimento incremental e expansão transformacional do mercado.

Olivier Grenet, Head Research Quality e AI Ambassador da Novartis, nomeado um dos cinco Membros Sêniors que guiarão a estratégia da AIFOD, ressaltou ressaltou como empresas farmacêuticas têm descoberto que aplicações de IA em mercados em desenvolvimento frequentemente se mostram mais inovadoras do que abordagens tradicionais. “Quando somos obrigados a trabalhar com restrições, muitas vezes encontramos soluções mais elegantes”, disse.

Um dos avanços da cúpula foi apresentar o engajamento corporativo como parcerias estratégicas, fugindo das tradicionais iniciativas de responsabilidade social. O FAIR (Future AI Investment Responsibility, ou, em tradução livre, Responsabilidade Futura de Investimento em IA) estabeleceu métricas concretas que alinham objetivos comerciais a resultados de desenvolvimento social, criando cenários de “ganha-ganha” que modelos convencionais encontram dificuldades para alcançar.

“Como os fundos públicos podem reduzir estrategicamente os riscos de investimentos privados em infraestrutura de IA? Podemos criar mecanismos financeiros que alinhem valores de desenvolvimento a retornos lucrativos?”, questionou Brian Poe Llamanzares, membro do Congresso das Filipinas, sintetizando o debate que permeou as discussões da cúpula.

Casos de sucesso também foram apresentados, como programas de energia solar off-grid que utilizaram centenas de milhões em investimentos públicos para atrair capital privado em larga escala, além de iniciativas rurais que demonstraram como investimentos iniciais modestos podem abrir caminho para parcerias corporativas robustas.

Juraj Hostak, Diretor de Inovação do Ministério de Investimentos da Eslováquia, trouxe uma perspectiva governamental que ressoou entre os líderes empresariais: “A governança da IA não é apenas técnica, é também política. É preciso liderança, confiança e coordenação.” Sua apresentação sobre estruturas adaptativas de governança mostrou como os ambientes regulatórios podem evoluir para apoiar, e não restringir, a inovação corporativa.

A cúpula revelou como estratégias corporativas tradicionais em mercados em desenvolvimento frequentemente deixam passar o potencial transformador da IA. Em vez de enxergar esses mercados como centros de custo para operações terceirizadas, os executivos exploraram como aplicações de IA desenvolvidas para ambientes com recursos limitados frequentemente se mostram superiores às soluções criadas para mercados desenvolvidos.

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AIFOD – AI for Developing Countries Forum, realizado em Viena

Laurent Lacroix, Chief Data Officer da INTERPOL, trouxe a perspectiva da aplicação da lei internacional para os debates sobre governança e segurança de dados — preocupações críticas para os participantes corporativos que consideram implantar IA em múltiplas jurisdições. “Este local histórico nos lembra que os desafios que enfrentamos exigem soluções multilaterais,” enfatizou Lacroix.

Para companhias do setor tecnológico, a cúpula representou acesso sem precedentes a autoridades governamentais e instituições financeiras dispostas a estruturar parcerias que compartilhem riscos e retornos, substituindo burocracias tradicionais por modelos inovadores de joint ventures, mecanismos de risco compartilhado e estruturas inovadoras de financiamento.

A nomeação de membros sênior com forte experiência corporativa sinaliza o compromisso da AIFOD em manter a perspectiva empresarial em sua direção estratégica. Além de Grenet, da Novartis, o grupo inclui Carine Allaz, CEO e especialista em cibersegurança da CIRISK; Lorenzo Larini, CEO da MINT; Susana Falcão, Diretora Executiva da Fondation Ondjyla; e Derrick T Davis, Diretor da University of Maryland Baltimore County.

Richard Malcolm Simbil, Conselheiro da Comissão de Ombudsman de Papua-Nova Guiné, trouxe insights particularmente relevantes para corporações multinacionais que consideram investimentos na região do Pacífico. Ao falar sobre o atendimento a 10,6 milhões de pessoas espalhadas por milhares de ilhas, Simbil ressaltou como estruturas eficazes de governança podem criar ambientes estáveis para o engajamento corporativo de longo prazo.

O consenso da conferência que emergiu da cúpula estabelece princípios que os participantes corporativos consideraram atraentes: enfatizando que “pequenos países são uma força motriz para o uso e desenvolvimento justo, respeitoso, acessível e sustentável da IA”, ao mesmo tempo em que se comprometem com estruturas que recompensam a inovação e protegem a propriedade intelectual.

Talvez o ponto mais significativo para os participantes corporativos tenha sido a demonstração de que investimentos em IA em mercados em desenvolvimento não exigem que as empresas aceitem retornos menores ou riscos maiores do que em mercados desenvolvidos. Pelo contrário, o FAIR mostra como parcerias bem estruturadas podem gerar retornos superiores justamente porque atendem a mercados massivos e pouco explorados com soluções inovadoras.

O conceito de “soberania cooperativa” como tema central ressoou entre executivos multinacionais que enfrentaram dificuldades com escolhas tradicionais do tipo “ou/ou” entre padronização global e adaptação local. As estruturas desenvolvidas durante a cúpula mostram como as empresas podem manter a eficiência operacional garantindo que seus sistemas de IA reflitam os valores locais e atendam às necessidades das comunidades.

Ao final da cúpula, muitos delegados corporativos deixaram a ONU com acordos de parceria e compromissos para projetos-piloto, baseados nestes três dias de programação intensa e ênfase na implementação prática em detrimento de discussões teóricas, gerando oportunidades concretas de negócios. resultado do enfoque na implementação prática mais do que em debates teóricos.

Para o setor corporativo, a mensagem de Viena é clara: o Sul Global não é mais um mercado a ser “desenvolvido”, mas um parceiro ativo no desenvolvimento. Por meio da plataforma da AIFOD e de estruturas comprovadas, ele está se tornando o motor de crescimento da indústria de IA.

Fonte: AIFOD (AI for Developing Countries Forum). Tradução e adaptação: Identidades de Sucesso.

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