No contexto do Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro, no Brasil, refletir sobre a jornada das mulheres no mercado de trabalho é essencial. O relatório “Women in the Workplace 2024,” recentemente lançado pela McKinsey & Company em parceria com a Lean In, reforça a importância de uma ação contínua para promover globalmente a igualdade de gênero nas organizações. A pesquisa, a mais abrangente em seu campo nos Estados Unidos, e que norteia muitos outros países, revela que, apesar dos progressos em representatividade e diversidade, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos para alcançarem e se manterem em posições de liderança.
Com base em uma década de dados, o relatório aponta avanços no aumento de mulheres em cargos de gerência e alta liderança, mas destaca que o caminho para a igualdade ainda é árduo. As mulheres, especialmente aquelas de grupos historicamente sub-representados, como mulheres negras, continuam a enfrentar barreiras que limitam seu crescimento profissional. Essas barreiras incluem ainda o “degrau quebrado,” uma fase crítica na carreira, em que muitas mulheres, independente do grupo ao qual pertencem, veem suas chances de promoção estagnarem.
Outro dado alarmante do estudo é a taxa elevada de abandono de cargos por mulheres que não se sentem valorizadas em seus ambientes de trabalho. A falta de uma cultura inclusiva e de oportunidades iguais tem levado muitas mulheres a buscarem ambientes onde o seu potencial seja reconhecido. Empresas que investem em políticas de inclusão, igualdade salarial e programas de mentoria se destacam ao reter esses talentos.
Por isso, a necessidade de iniciativas concretas que promovam a ascensão feminina no ambiente corporativo é constante. Há exemplos inspiradores em âmbito global e no Brasil: na PepsiCo, por exemplo, quase 50% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres, e a meta é atingir a paridade de 50/50. Já a Espaço Laser, possui 96% da sua equipe, e 12 das 20 cadeiras da diretoria, ocupadas por mulheres. Além disso, 92% das lideranças intermediárias são mulheres. Assim como estas, existem muitas outras corporações implementando e fortalecendo diariamente a equidade em suas rotinas.
Ações como estas vêem gerando impacto positivo no no âmbito brasileiro: atualmente a proporção de mulheres em cargos de liderança no país já supera a média dos países do G20, fixada em 30,58%. O Brasil atingiu a marca de 38% de mulheres em cargos de liderança, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que posiciona o país entre os líderes em equidade no G20, ao lado de países como Austrália e Canadá, que estabelecem uma base promissora para que mulheres alcancem posições de maior influência no mercado.
No entanto, a presença feminina em cargos de C-level e presidência permanece baixa, tanto no Brasil quanto em países desenvolvidos, demonstrando que o caminho para a paridade ainda enfrenta obstáculos. Nos Estados Unidos, apenas 10% das CEOs são mulheres, e, no Brasil, estima-se que as mulheres ocupem cerca de 13% dos cargos de presidência. Esses dados enfatizam a importância de iniciativas de desenvolvimento e apoio para aumentar a presença feminina no topo das organizações.
Os avanços são vistos e comemorados, mas ainda é essencial que líderes empresariais, governos e sociedade civil se mobilizem para tornar o ambiente corporativo mais inclusivo. Investir em equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também um fator estratégico para o crescimento econômico e a inovação sustentável, uma vez que as características femininas na alta liderança são cada vez mais valorizadas, especialmente por trazerem competências que complementam e enriquecem a gestão tradicional.
Investir em equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também um fator estratégico para o crescimento econômico e a inovação sustentável.”
– Letícia de Freitas e Castro – jornalista, empresária e mentora de Comunicação Autêntica para Líderes
O mundo clama por transformação e a mensagem é clara: fortalecer a presença e a voz das mulheres no mercado de trabalho é um imperativo para um futuro mais justo, equilibrado e melhor para todos.
Letícia de Freitas e Castro
Jornalista, empresária e Mentora de Comunicação Autêntica para Líderes.