Treinamentos gratuitos orientam bares e restaurantes a identificar adulterações, enfrentar o risco do metanol e reduzir prejuízos causados pelo mercado ilegal
O setor de bares e bebidas está unindo forças para enfrentar um dos maiores desafios da atualidade: a falsificação de bebidas alcoólicas. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) estão promovendo uma série de treinamentos online, gratuitos e com certificado, para capacitar empresários e trabalhadores do setor a identificar adulterações e agir preventivamente.
O problema é grave. Além do impacto econômico para o mercado formal, a falsificação representa um risco direto à saúde pública, já que muitas vezes envolve a utilização de metanol, substância altamente tóxica. “O mercado ilegal não apenas coloca em risco a saúde pública, como também alimenta redes criminosas, fragiliza a concorrência leal e compromete a arrecadação tributária”, explicou Daniel Monferrari, head de Proteção às Marcas e Segurança Corporativa da Diageo, responsável pela primeira capacitação, que reuniu mais de duas mil pessoas.
Durante os encontros, os participantes recebem orientações práticas para verificar tampas, rótulos, selos fiscais e até o líquido presente nas garrafas. O objetivo é dar ao setor condições de identificar sinais de adulteração e evitar que bares e restaurantes sejam vítimas de falsificadores. Além disso, o treinamento aborda a importância do descarte adequado das embalagens, já que garrafas originais reutilizadas são o principal insumo das quadrilhas que atuam no mercado ilegal.
Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, a ação reforça a responsabilidade das entidades em orientar os estabelecimentos: “assumimos a responsabilidade de orientar os estabelecimentos do setor sobre como agir em casos suspeitos, reforçando que a prevenção começa com informação correta. O objetivo do treinamento é orientar sobre os sinais de adulteração e protocolos de segurança, para que nenhum bar ou restaurante seja vítima de falsificadores e, principalmente, para proteger a saúde da população”.
Eduardo Cidade, presidente da ABBD, destacou que a distinção entre mercado formal e ilegal é urgente, sobretudo diante do crescimento da informalidade no Brasil: “é essencial separar o setor produtivo formal — que cumpre padrões rígidos de qualidade, segurança e conformidade regulatória — da atuação criminosa do mercado ilegal. A expansão desse mercado no Brasil não apenas coloca em risco a saúde da população. Um produto ilegal é vendido, em média, 35% mais barato do que o original e a diferença podendo chegar a até 48%, resultado da alta carga tributária do setor e da impunidade, que estão entre os principais fatores que estimulam o comércio ilícito”.
A série de treinamentos, que seguirá ao longo da semana, busca fortalecer a prevenção como estratégia-chave para proteger tanto os consumidores quanto os empresários do setor, além de reduzir os efeitos econômicos e sociais da falsificação de bebidas no país.