Estudo aponta diferenças de percepção entre líderes e equipes sobre confiança, comunicação e gestão de pessoas
A relação de confiança entre líderes e liderados ainda enfrenta grandes desafios nas empresas brasileiras. É o que revela o estudo inédito Panorama Gestão de Pessoas – Liderança, realizado pela Sólides em parceria com a Offerwise, que ouviu 657 profissionais de diferentes portes e setores em todo o país entre 16 de junho e 4 de julho de 2025.
De acordo com os dados, 76% dos líderes acreditam que seus times confiam neles, mas, do outro lado, 43% dos colaboradores dizem confiar apenas em parte ou não confiar em seus gestores. A pesquisa também aponta divergências sobre a clareza na comunicação: 63% dos líderes consideram-se sempre abertos a ouvir suas equipes, enquanto 59% dos liderados não sentem que suas opiniões são sempre levadas em consideração.
Outro ponto avaliado foi a capacidade de mediação de conflitos. 64% dos gestores afirmam estar preparados para essa função, mas apenas 40% dos colaboradores classificam essa habilidade de seus líderes como excelente.
Para Távira Magalhães, diretora de RH (CHRO) da Sólides, os resultados expõem a necessidade de ampliar a formação em liderança. “As empresas precisam compreender que a qualidade da relação entre líderes e equipes impacta diretamente no engajamento e nos resultados. Existe um espaço claro para evolução e para alinhar percepções, fortalecendo a confiança mútua”, afirma.
Expectativas de carreira e pressões da liderança
O estudo também investigou a intenção de assumir cargos de liderança. Quase metade (49%) dos colaboradores deseja ocupar essas funções, chegando a 61% entre os jovens de 18 a 24 anos. Já entre os profissionais de 35 a 44 anos, 42% ainda não sabem se querem seguir esse caminho.
“A pesquisa mostra que as novas gerações estão motivadas a liderar, mas também traz reflexões importantes sobre os desafios e pressões que essa função carrega. Esse é um sinal de que as organizações devem repensar seus programas de desenvolvimento de carreira para atender diferentes perfis e momentos profissionais”, destaca Távira.
Desafios de gestão e saúde mental
Os principais desafios na gestão de pessoas, segundo os líderes, são motivar continuamente as equipes (21%), lidar com conflitos internos (12%) e desenvolver e reter talentos (11%). Já os colaboradores apontam que seus gestores precisam evoluir principalmente em cuidado com saúde mental e bem-estar (18%) e em desenvolvimento de pessoas (13%).
Apesar de avanços no tema, a saúde mental ainda aparece como um tabu em muitas organizações. Enquanto 92% dos líderes se dizem confortáveis em abordar o assunto, apenas 61% dos colaboradores compartilham essa percepção. Para 1 em cada 3 trabalhadores, falar sobre isso ainda é difícil. “Esse dado é um alerta. Precisamos criar ambientes onde esse diálogo aconteça de forma genuína e sem estigmas”, reforça Magalhães. Já em relação ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, os dados mostram melhora: 62% dos líderes e 57% dos colaboradores afirmam que há respeito a esse limite.
Perfil da amostra
O levantamento também apresenta o perfil dos respondentes: os líderes recebem em média R$ 8.361,82 e ocupam cargos que vão de supervisores a diretores e C-Levels, enquanto os liderados têm remuneração média de R$ 2.913,14, com maior concentração em funções de assistente, analista e especialista.
Metodologia
O Panorama Gestão de Pessoas – Liderança foi realizado entre 16 de junho e 4 de julho de 2025, por meio de questionário online aplicado a 657 profissionais, sendo 53% lideranças e 47% colaboradores, do painel Offerwise. A amostra incluiu homens (38%) e mulheres (62%), maiores de 18 anos, das classes sociais A, B, C, D e E, atuando em empresas de diferentes setores em todo o Brasil.