Coleção apresentada no HackTown alia propósito social, autonomia financeira e combate à violência doméstica
A empreendedora Nathalia Arcuri, criadora da Me Poupe! – maior plataforma de educação financeira do mundo – lançou sua primeira coleção de roupas com propósito social durante o HackTown 2025, maior festival de inovação e criatividade da América Latina. A ação inédita destina 100% do lucro da venda das peças para o Instituto Glória e para o projeto Justiceiras, duas organizações que atuam no acolhimento e apoio a mulheres em situação de violência.
“A cada peça vendida, uma mulher é lembrada de que não está sozinha. A violência contra a mulher não é uma exceção, é uma epidemia, e combater isso exige coragem, políticas públicas, mas também consciência financeira e apoio concreto. Essa coleção é um grito em forma de roupa”, afirma Nathalia.
Mais do que uma campanha de moda, a iniciativa se posiciona como um movimento de consumo consciente com impacto direto. Com tiragem limitada e foco em durabilidade, a coleção inclui camisetas, croppeds, moletons e até peças infantis, produzidas com materiais de qualidade e sem incentivo ao consumo por impulso. O objetivo é que cada compra represente um gesto de transformação – especialmente em um cenário onde 52% das mulheres brasileiras apontam a dependência financeira como o principal obstáculo para sair de relacionamentos abusivos, segundo dados do DataSenado e do Instituto Patrícia Galvão.
As peças da coleção trazem frases provocativas como “Me Poupe, Se Poupe, Nos Poupe”, “Girls Just Wanna Have Funds” e “Nunca Foi Sorte”. Além de reforçar o discurso sobre autonomia feminina, as mensagens buscam conectar a moda ao empoderamento e à crítica social com autenticidade.
A produção é feita em parceria com o Grupo Azzas, uma das principais plataformas de moda da América Latina, certificada pelo Sistema B. A empresa é responsável por marcas como Arezzo, Schutz, Anacapri, Vans, Reserva, Farm, Animale e Hering. A parceria garante rastreabilidade total da produção, além de compromisso com práticas sustentáveis e responsabilidade social.
Com formação em jornalismo, Arcuri já cobriu casos de violência doméstica como repórter. A vivência profissional e os relatos de vítimas sempre ecoaram em sua trajetória, inspirando o projeto. Em julho de 2024, o Brasil registrou 1.492 feminicídios — o maior número desde o início da série histórica. A maioria das vítimas era negra, morta dentro de casa por parceiros ou ex-companheiros.
“O lançamento da coleção busca dar visibilidade a essas mulheres invisibilizadas. Enquanto só a barbárie filmada chocar, milhares seguirão morrendo em silêncio”, escreveu Arcuri em uma de suas publicações nas redes sociais.
No manifesto da marca, Nathalia sintetiza o propósito da coleção: “O que você veste comunica. Eu sempre senti falta de camisetas com mensagens que tivessem mais a ver comigo, que não fossem genéricas ou forçadas, mas que tivessem alma, verdade e um pouco de sarcasmo também.”