Com dívida de R$ 25 bi e prejuízo de R$ 2,3 bi no último ano, Americanas irá desativar o aplicativo Ame e integrar suas funções ao site da loja; mercado financeiro reage positivamente à notícia
A Americanas anunciou que seguirá com o plano de venda de sua fintech Ame, uma movimentação estratégica crucial frente à crise financeira que abalou a companhia. A decisão vem em um momento de reestruturação profunda para a empresa, que busca reverter a situação financeira crítica revelada no início de 2023.
O aplicativo Ame, criado para oferecer descontos e cashback aos clientes, será desativado. Suas funções, incluindo a carteira digital, serão integradas ao site da Americanas, que lançará um novo programa de fidelidade. Os clientes devem transferir o saldo restante da Ame até 2 de novembro, data em que as compras em lojas físicas com o aplicativo serão encerradas.
Com uma dívida que alcança R$ 25 bilhões e um prejuízo de R$ 2,3 bilhões no último ano, a Americanas está reavaliando sua estratégia para focar no varejo físico. A companhia planeja desmembrar a fintech e vender seus ativos, incluindo o CNPJ da Ame e a licença concedida pelo Banco Central para atuar como instituição de pagamento. A Ame contava com 32,3 milhões de clientes cadastrados e era estratégica para a Americanas por manter os clientes em um ciclo contínuo de compras através do cashback oferecido.
A mudança também reflete a necessidade de melhorar a saúde financeira da empresa, que sofreu uma queda nas vendas e prejuízos substanciais. O mercado financeiro reagiu positivamente à notícia, com as ações da Americanas subindo 21% para R$ 6,98. Esse aumento vem após semanas em que as ações chegaram a valer centavos e foram agrupadas em blocos de 100 para cumprir as regras da Bolsa brasileira.
Além disso, a Polícia Federal revelou nesta segunda-feira (2) os 41 suspeitos envolvidos na fraude financeira que levou à crise da empresa. Entre os principais implicados estão o ex-presidente Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Saicali. Gutierrez, que foi preso brevemente na Europa no início do ano e recebeu habeas corpus no mês passado, e Saicali foram acusados de mascarar dívidas com fornecedores para inflar o valor de mercado da empresa. Há indícios de que essas fraudes ocorram desde 2007.
O processo de recuperação da Americanas contou com um aporte dos acionistas de referência, os bilionários Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann, que não estão sob investigação. A empresa também anunciou que considera vender as marcas Shoptime e Submarino, cujos sites já foram encerrados, como parte de sua estratégia de reestruturação. Com essas medidas, a Americanas espera recuperar sua posição no mercado e melhorar suas finanças enquanto navega pelos desafios pós-crise.