Prática do mercado compromete itens da cesta básica e impacta especialmente as famílias de menor renda e são aplicados principalmente nos produtos alimentícios e de higiene pessoal
Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) sobre os efeitos da reduflação – prática caracterizada pela diminuição da quantidade de produto nas embalagens enquanto o preço permanece o mesmo – mostra que tal fenômeno impactou o poder de compra do brasileiro médio em 3,78% no ano passado, e tem afetado significativamente os consumidores, especialmente quando aplicados em produtos alimentícios e de higiene pessoal.
Esta estratégia de mercado, praticada cada vez mais pela indústria e repassada ao consumidor pelo varejo, resulta em uma percepção enganosa de estabilidade de preços. “O impacto da reduflação é sentido diretamente no bolso do consumidor, que paga o mesmo valor por menos produto. Essa prática tem sido cada vez mais comum e prejudica o poder de compra da população”, afirma Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.
Como metodologia, o estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação utilizou dados coletados pelo aplicativo Citizen IBPT, ferramenta gratuita para controle financeiro pessoal. O aplicativo, utilizado por milhares de brasileiros, permite o registro e análise de notas fiscais, proporcionando uma base de dados rica para estudos econômicos. A análise das notas fiscais permitiu identificar padrões de reduflação em diversos produtos.
“Com o Citizen IBPT, conseguimos realizar estudos detalhados e precisos sobre o impacto da inflação e da reduflação no dia a dia dos consumidores. Essa ferramenta nos permite ver de forma clara como os fabricantes têm ajustado as quantidades dos produtos para manter suas margens de lucro”, explicou Amaral.
Um dos exemplos mais impactantes observados na pesquisa foi no item milho para pipoca, no qual, em muitas marcas, a embalagem padrão de 500g foi reduzida para 400g, o que representa uma reduflação de 20%, sem alteração proporcional no preço. Tal mudança resulta em impacto direto no poder de compra do consumidor.
Amparada pela Lei Nº 14.181 de julho de 2021, a prática entretanto necessita alguns procedimentos para estar em legalidade com o Direito do Consumidor, dentre os quais, a necessidade de informar, de forma clara, sobre os preços por unidade de medida. Assim, o IBPT recomenda que os consumidores estejam atentos às informações sobre quantidade e preço por unidade de medida nas embalagens.
“O consumidor deve estar vigilante e informado para não ser enganado. Comparar preços e quantidades, e exigir transparência dos fabricantes e varejistas, são medidas essenciais para minimizar os impactos da reduflação. O estudo do IBPT evidencia a necessidade de maior fiscalização e transparência no mercado, além de uma maior conscientização por parte dos consumidores”, conclui Amaral.