Ferramenta permite bloquear o uso de CPF ou CNPJ na criação de contas bancárias e reforça barreiras contra golpes com PIX e lavagem de dinheiro
O lançamento do BC Protege+, nova ferramenta do Banco Central que permite ao cidadão bloquear o uso do CPF ou CNPJ para a abertura de contas bancárias, marca um novo movimento de reforço à segurança financeira no país. A medida busca impedir que instituições financeiras criem contas sem autorização do titular, reduzindo fraudes digitais, golpes envolvendo PIX e operações relacionadas à lavagem de dinheiro.
O recurso é como uma camada adicional importante para dar ao cidadão mais controle sobre sua identidade financeira. “O BC Protege+ funciona como uma ‘trava de segurança’ que o próprio cidadão ativa voluntariamente”, afirma Ferri. Ele explica que, ao acionar a proteção, nenhuma conta bancária pode ser criada sem consulta prévia à base unificada do Banco Central. “As instituições devem, de forma obrigatória, consultar essa base antes de autorizar qualquer operação. Se ignorarem a trava, passam a assumir a responsabilidade pelos prejuízos ao consumidor”, analisa o especialista em Direito do Consumidor, Stefano Ribeiro Ferri.
A medida volta-se diretamente para uma das principais portas de entrada para atividades criminosas: a criação de contas irregulares que ocultam transações suspeitas, uma vez que reduz a vulnerabilidade de uso indevido do CPF ou CNPJ. “A ferramenta dificulta a prática de criação de contas laranjas, reduz oportunidades para golpes com PIX e reforça barreiras contra lavagem de dinheiro, especialmente em contextos de fluxo rápido e pulverizado de recursos”, acrescenta.
Limites e riscos que permanecem
Apesar da inovação, Ferri alerta que o recurso não resolve integralmente o problema. “Ele não elimina 100% das fraudes, porque golpe também envolve engenharia social, vazamento de dados e falhas humanas”, afirma. Mesmo com a trava ativada, criminosos ainda podem explorar estratégias que não dependem da abertura de novas contas, como phishing, invasão de contas legítimas e obtenção ilícita de dados sensíveis.
Segurança como construção contínua
O BC Protege+ deve ser interpretado como parte de um conjunto mais amplo de camadas de proteção, que envolve a autenticação em dois fatores, o cuidado com links e contatos suspeitos, o monitoramento frequente de movimentações e o uso de sistemas inteligentes por parte dos bancos, para detectar transações fora do padrão. “O BC Protege+ fortalece muito a segurança, mas a proteção real vem da soma entre tecnologia, fiscalização e comportamento consciente do consumidor”, conclui o especialista.

