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ABNT lança primeira norma brasileira para veículos elétricos e híbridos durante a COP30

Documento estabelece padrões técnicos para qualificação profissional e segurança na manutenção automotiva eletrificada, em parceria com o IQA

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresentou nesta segunda-feira, durante a COP30 em Belém (PA), o documento Prática Recomendada ABNT PR 1025 – Veículos rodoviários propelidos a eletricidade – Competências de pessoal, que inaugura no país um padrão técnico voltado à qualificação e à atuação segura de profissionais na manutenção de veículos elétricos e híbridos. O documento é resultado de um trabalho conjunto com o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) e marca um avanço na estruturação da infraestrutura técnica da mobilidade elétrica no Brasil.

O lançamento ocorreu em sessão pública da conferência, reforçando o papel da ABNT na transição energética. A norma, recém-colocada em Consulta Nacional, consolida pela primeira vez no país os conhecimentos, habilidades e responsabilidades exigidas de mecânicos que lidam com sistemas de alta tensão e corrente contínua, componentes centrais dos veículos eletrificados.

“O mercado brasileiro de veículos elétricos está crescendo rapidamente. Só em 2024 tivemos um aumento de 89% nas vendas, e em 2025 já ultrapassamos 126 mil unidades produzidas. Esse movimento exige profissionais preparados para atuar com segurança em sistemas de alta tensão”, afirmou o presidente da ABNT, Mário William Esper, durante a apresentação. Segundo ele, a PR 1025 oferece ao setor uma referência técnica indispensável. “Essa norma é muito importante porque prepara os técnicos, estabelece padrões de competência e oferece segurança para o consumidor e para o mercado”.

A PR 1025 é fruto de quase dois anos de trabalho da Comissão de Estudo de Inspeção, Reparação e Manutenção de Veículos Elétricos (CE-005:107.010), do Comitê Brasileiro Automotivo (ABNT/CB-005), com coordenação técnica do IQA. O texto recebeu contribuições de montadoras, entidades setoriais, oficinas, centros de pesquisa, Senai, Anfavea e Sindirepa Brasil, reunindo especialistas que enfrentam no dia a dia os desafios da eletrificação.

Para o superintendente do IQA, Alexandre Xavier, que coordenou o grupo técnico, a norma chega para suprir uma necessidade concreta. “As pequenas oficinas e os reparadores têm muitas dúvidas. Eles ainda não contam com uma infraestrutura de qualidade consolidada, e o tema exige precisão, segurança e capacitação adequada. A PR 1025 organiza esse cenário e dá base técnica para treinamentos, certificações e para a atuação segura do setor”, afirmou.

A norma estabelece três níveis de atuação profissional, desde a intervenção limitada a sistemas mecânicos até a qualificação completa para trabalhar com alta tensão, baterias de tração e diagnósticos elétricos. As competências estão descritas em detalhe, abordando segurança do trabalho, interpretação de diagramas, uso de instrumentos de medição, análise de riscos, conhecimentos elétricos e requisitos de formação, além de critérios mínimos de escolaridade, experiência profissional e carga horária de capacitação, incluindo a obrigatoriedade de formação conforme a NR-10.

Durante o lançamento, Esper destacou que a norma se insere em um contexto de pluralidade tecnológica na transição energética. “O Brasil não pode ter uma única tecnologia. Somos um país continental, com realidades muito diversas. Vamos combinar a eletrificação com os nossos combustíveis renováveis. Aqui no Norte, por exemplo, o babaçú é um excelente resíduo que se transforma em combustível, cumprindo plenamente o princípio da circularidade”, afirmou.

A apresentação da PR 1025 na COP30 representa um marco para o avanço da mobilidade elétrica no país. A norma deve orientar programas de qualificação profissional, certificações, atualização curricular de escolas técnicas e políticas públicas voltadas à segurança e à capacitação. Com sua publicação definitiva, o Brasil ganhará uma base normativa capaz de sustentar a expansão segura da frota eletrificada, alinhada às melhores práticas internacionais e à realidade nacional.

Xavier reforçou que o país tem condições de explorar simultaneamente eletrificação, biocombustíveis e outras alternativas sustentáveis. “Veículos elétricos e biocombustíveis não competem. Eles convivem. E normas como esta ajudam o Brasil a aproveitar todas as rotas tecnológicas de forma segura, organizada e sustentável”, destacou.

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